Nos últimos dias tem sido constante (e em demasia) a enchente de notícias da gripe de origem suína, nos meios de comunicação. Estirpe essa que teve origem no México e já atingiu vários países inclusive Espanha, mas não foi para falar do vírus H1N1 que comecei a escrever este artigo, até porque o tempo de antena a que essa gripe tem direito não permite espectadores desinformados (no entanto implica, um monte de espectadores cheios de notícias repetitivas), mas sim porque mais uma vez a comunicação social fez um milagre, um daqueles milagres bem à moda dos jornais televisivos.
Todos os espectadores assíduos de jornais televisivos, repararam com certeza na desmaterialização de certas questões problemáticas, por exemplo, de um dia para o outro (coincidência das coincidências, quando surgiu a gripe suína), a "Crise" foi erradicada do vocabulário dos meios de comunicação, estou certo que não sonhei que tivesse existido tal coisa portanto devo concluir que um monte qualquer de jornalistas a desmaterializou, ou pelo menos a moveu para um arquivo para quando houver falta de melhor notícia. E tal como referi a crise poderia ter referido um outro qualquer assunto que nos habituámos a ouvir constantemente quase como uma sobremesa ou entrada ao jantar.
Hoje (e nos dias anteriores) enquanto jantava e via o jornal televisivo, apercebi-me disto mesmo, quando comecei a jantar estavam a contar número de infectados pelo vírus H1N1, quando acabei, imagine-se só, estavam a contar o mesmo, o número de vezes que repetiram a mesma notícia era incontável (pelo menos pelos dedos) e a forma como o faziam dava a impressão que Portugal se encontrava apenas com uma dezena de sobreviventes da gripe suína, as representações gráficas com os porcos e umas bolas flutuantes que representam o vírus, essa, já a vi mais vezes que o meu filme favorito e ao fim de algum tempo é impossível não conhecer todos os pormenores. O mapa dos infectados esse também se encontra já desenhado na minha mente e por mais que me esforce para de lá o tirar, de nada valerá porque sei que amanha vou ver o mesmo, talvez com um ou outro número diferente (até porque qualquer alteração é uma boa desculpa para o exibir novamente).
Provavelmente eu não sou o melhor crítico a considerar para a alta sociedade da comunicação social mas certamente sou um espectador atento e bem sei que todos estão fartos deste jornalismo repetitivo e de certa maneira, na minha opinião, manipulador da opinião pública, que limita o pensamento do seu público.